Mt 19.27-30; Marcos 10.28-31; Lucas 18.28-30
As observações de Jesus sobre a tentação dos ricos, que pareciam tão desencorajadoras para os outros discípulos, tiveram um efeito diferente na mente de Pedro. Elas o levaram a pensar na autocomplacência como um contraste apresentado por sua própria conduta e pela de seus irmãos, em relação à conduta do jovem que veio perguntar sobre a vida eterna. “Nós”, provavelmente pensavam consigo mesmo, “temos feito o que o jovem não pôde fazer e que, de acordo com a afirmação que o Mestre acaba de fazer, os ricos consideram muito difícil: Deixamos tudo para seguir Jesus. Certamente um ato tão difícil e tão raro deve ser de muito mérito”. E com sua franqueza característica, assim que pensava, falava. “Eis que”, disse ele com um tom de irreverência em sua voz e maneira, “nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos?”
A esta pergunta de Pedro, Jesus deu, à primeira vista, uma resposta cheia de encorajamento e de advertência para os doze e para todos aqueles que professam ser servos de Deus. Primeiro, com referência ao conteúdo da pergunta de Pedro, Ele estabeleceu, em uma linguagem entusiasmada, as grandes recompensas que estavam reservadas para ele e para os seus irmãos; e não somente para eles, mas para todos os que fizerem sacrifício pelo Reino. Então, com referência ao auto-satisfeito ou ao espírito calculista que ao menos em parte tinha induzido à pergunta, Ele acrescentou uma reflexão moral com uma parábola ilustrativa anexa, comunicando a idéia de que as recompensas no Reino de Deus não eram determinadas meramente pelo sacrifício ou ainda pelo valor deste. Muitos que fossem os primeiros nesse aspecto poderiam ser os últimos no verdadeiro mérito, por falta de um outro elemento que formava um ingrediente essencial no cálculo, isto é, a motivação correta; e é possível que houvesse outros que fossem os últimos naquele requisito porém os primeiros a serem recompensados pela virtude do espírito com que eram animados. Devemos considerar estas duas partes na seqüência da resposta...
A primeira coisa que impacta aqueles que pensam nessas recompensas é a total desproporção entre elas e os sacrifícios feitos. Os doze tinham abandonado seus barcos e redes de pesca e estavam prestes a ser recompensados com tronos; e a todos aqueles que haviam abandonado alguma coisa pelo Reino, não importava o que fosse, havia sido prometido cem vezes mais como retorno na vida presente, e no porvir a vida eterna.
Essas promessas impressionantes ilustram a generosidade do Mestre a quem os cristãos servem. Quão fácil teria sido para Jesus depreciar os sacrifícios de seus seguidores e até tornar as suas glórias em ridículo! O Senhor poderia ter dito: “Vocês abandonaram tudo! Qual era o valor daquilo que vocês possuíam? Se o jovem rico tivesse se desfeito de todas as suas posses como eu o aconselhei, ele poderia ter tido alguma coisa de que se gabar; mas no caso de pobres pescadores como vocês, qualquer sacrifício que tenham feito raramente mereceria qualquer atenção”. Mas tais palavras não poderiam ter sido pronunciadas pelos lábios de Cristo. Nunca seria sua intenção desdenhar de pequenas coisas ou desprezar os serviços que lhe fossem prestados, como tendo uma visão diminuída de suas próprias obrigações. Em vez disso Ele amava fazer de si mesmo um devedor a seus servos, ao generosamente exagerar no valor de suas boas obras, prometendo-lhes, como um retorno adequado, recompensas imensamente maiores do que de fato mereciam. Foi assim que Ele agiu neste caso. Mesmo sendo aquilo que os discípulos tinham de pouco valor, Ele ainda se lembrava que isso era tudo o que possuíam; e com apaixonada seriedade, “verdadeiramente” cheio de ternura e sentimentos de gratidão, Ele lhe prometeu tronos como se realmente os merecessem!
Crer nessas grandes e preciosas promessas tornariam os sacrifícios mais fáceis. Quem não abandonaria um barco de pesca por um trono? Que comerciante ou investidor desprezaria um investimento que traria, como retorno, não cinco por cento, ou cem por cento, mas cem por um?
As promessas feitas por Jesus tinham um outro excelente efeito quando seriamente consideradas. Elas tendiam à humildade. Sua grande magnitude tem um efeito sóbrio na mente. Nem o mais vão seria capaz de fingir que suas boas obras mereceriam ser recompensadas com tronos, e seus sacrifícios recompensados a cem por um. Neste ponto, todos devem estar contentes por serem devedores à graça de Deus, e toda conversa sobre “méritos” está fora de questão. Esta é uma das razões pelas quais as recompensas no Reino dos Céus são tão grandes. Deus derrama as suas dádivas para glorificar o doador, e tornar humildes aqueles que a recebem...
Tais são as recompensas recebidas por aqueles que sacrificam algo por amor a Cristo. Seu sacrifício são sementes semeadas em meio a lágrimas, que eles mais tarde colhem em uma grandiosa colheita, em gozo. Mas o que será então daqueles que não fizeram nenhum sacrifício ou que não receberam nenhum ferimento na batalha? Se isto não aconteceu por falta de vontade, mas por falta de oportunidade, então deverão compartilhar as recompensas. A lei de Davi tem o seu lugar no Reino de Deus. Ele considerava que aqueles que pelejavam em batalha deveriam participar, de forma justa, da divisão dos despojos. Todos precisavam enxergar que não deve haver covardia, indolência ou auto-indulgência. Aqueles que agirem de forma errônea, não querendo envolver-se em qualquer problema, não correndo riscos, ou até mesmo não resistindo à pecaminosa luxúria por amor ao Reino de Deus, não poderão esperar encontrar ali, no final, um lugar para si.
BRUCE. A. B. O treinamento dos doze. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp 287-289,296.
Fonte:CPAD
As observações de Jesus sobre a tentação dos ricos, que pareciam tão desencorajadoras para os outros discípulos, tiveram um efeito diferente na mente de Pedro. Elas o levaram a pensar na autocomplacência como um contraste apresentado por sua própria conduta e pela de seus irmãos, em relação à conduta do jovem que veio perguntar sobre a vida eterna. “Nós”, provavelmente pensavam consigo mesmo, “temos feito o que o jovem não pôde fazer e que, de acordo com a afirmação que o Mestre acaba de fazer, os ricos consideram muito difícil: Deixamos tudo para seguir Jesus. Certamente um ato tão difícil e tão raro deve ser de muito mérito”. E com sua franqueza característica, assim que pensava, falava. “Eis que”, disse ele com um tom de irreverência em sua voz e maneira, “nós deixamos tudo e te seguimos; que receberemos?”
A esta pergunta de Pedro, Jesus deu, à primeira vista, uma resposta cheia de encorajamento e de advertência para os doze e para todos aqueles que professam ser servos de Deus. Primeiro, com referência ao conteúdo da pergunta de Pedro, Ele estabeleceu, em uma linguagem entusiasmada, as grandes recompensas que estavam reservadas para ele e para os seus irmãos; e não somente para eles, mas para todos os que fizerem sacrifício pelo Reino. Então, com referência ao auto-satisfeito ou ao espírito calculista que ao menos em parte tinha induzido à pergunta, Ele acrescentou uma reflexão moral com uma parábola ilustrativa anexa, comunicando a idéia de que as recompensas no Reino de Deus não eram determinadas meramente pelo sacrifício ou ainda pelo valor deste. Muitos que fossem os primeiros nesse aspecto poderiam ser os últimos no verdadeiro mérito, por falta de um outro elemento que formava um ingrediente essencial no cálculo, isto é, a motivação correta; e é possível que houvesse outros que fossem os últimos naquele requisito porém os primeiros a serem recompensados pela virtude do espírito com que eram animados. Devemos considerar estas duas partes na seqüência da resposta...
A primeira coisa que impacta aqueles que pensam nessas recompensas é a total desproporção entre elas e os sacrifícios feitos. Os doze tinham abandonado seus barcos e redes de pesca e estavam prestes a ser recompensados com tronos; e a todos aqueles que haviam abandonado alguma coisa pelo Reino, não importava o que fosse, havia sido prometido cem vezes mais como retorno na vida presente, e no porvir a vida eterna.
Essas promessas impressionantes ilustram a generosidade do Mestre a quem os cristãos servem. Quão fácil teria sido para Jesus depreciar os sacrifícios de seus seguidores e até tornar as suas glórias em ridículo! O Senhor poderia ter dito: “Vocês abandonaram tudo! Qual era o valor daquilo que vocês possuíam? Se o jovem rico tivesse se desfeito de todas as suas posses como eu o aconselhei, ele poderia ter tido alguma coisa de que se gabar; mas no caso de pobres pescadores como vocês, qualquer sacrifício que tenham feito raramente mereceria qualquer atenção”. Mas tais palavras não poderiam ter sido pronunciadas pelos lábios de Cristo. Nunca seria sua intenção desdenhar de pequenas coisas ou desprezar os serviços que lhe fossem prestados, como tendo uma visão diminuída de suas próprias obrigações. Em vez disso Ele amava fazer de si mesmo um devedor a seus servos, ao generosamente exagerar no valor de suas boas obras, prometendo-lhes, como um retorno adequado, recompensas imensamente maiores do que de fato mereciam. Foi assim que Ele agiu neste caso. Mesmo sendo aquilo que os discípulos tinham de pouco valor, Ele ainda se lembrava que isso era tudo o que possuíam; e com apaixonada seriedade, “verdadeiramente” cheio de ternura e sentimentos de gratidão, Ele lhe prometeu tronos como se realmente os merecessem!
Crer nessas grandes e preciosas promessas tornariam os sacrifícios mais fáceis. Quem não abandonaria um barco de pesca por um trono? Que comerciante ou investidor desprezaria um investimento que traria, como retorno, não cinco por cento, ou cem por cento, mas cem por um?
As promessas feitas por Jesus tinham um outro excelente efeito quando seriamente consideradas. Elas tendiam à humildade. Sua grande magnitude tem um efeito sóbrio na mente. Nem o mais vão seria capaz de fingir que suas boas obras mereceriam ser recompensadas com tronos, e seus sacrifícios recompensados a cem por um. Neste ponto, todos devem estar contentes por serem devedores à graça de Deus, e toda conversa sobre “méritos” está fora de questão. Esta é uma das razões pelas quais as recompensas no Reino dos Céus são tão grandes. Deus derrama as suas dádivas para glorificar o doador, e tornar humildes aqueles que a recebem...
Tais são as recompensas recebidas por aqueles que sacrificam algo por amor a Cristo. Seu sacrifício são sementes semeadas em meio a lágrimas, que eles mais tarde colhem em uma grandiosa colheita, em gozo. Mas o que será então daqueles que não fizeram nenhum sacrifício ou que não receberam nenhum ferimento na batalha? Se isto não aconteceu por falta de vontade, mas por falta de oportunidade, então deverão compartilhar as recompensas. A lei de Davi tem o seu lugar no Reino de Deus. Ele considerava que aqueles que pelejavam em batalha deveriam participar, de forma justa, da divisão dos despojos. Todos precisavam enxergar que não deve haver covardia, indolência ou auto-indulgência. Aqueles que agirem de forma errônea, não querendo envolver-se em qualquer problema, não correndo riscos, ou até mesmo não resistindo à pecaminosa luxúria por amor ao Reino de Deus, não poderão esperar encontrar ali, no final, um lugar para si.
BRUCE. A. B. O treinamento dos doze. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp 287-289,296.
Fonte:CPAD
0 comentários:
Postar um comentário