Depois de ver esse vídeo aqui e este aqui e o post em vários blog (aqui) reproduzo um artigo de Charles Colson falando sobre este assunto: em Alimento Mental de baixa qualidade do livro E agora como viveremos ?
O primeiro passo para examinar a cosmovisão por trás da cultura popular é encontrar uma definição funcional do termo. Muitas pessoas pensam da cultura popular como sendo o mesmo que cultura folclórica contemporânea, mas isso não é exato. Cultura folclórica consiste de histórias e mitos, contos e músicas que emergem de um particular modo de vida de um povo. Cultura folclórica americana (ou mesmo a brasileira) autêntica leva-nos aos dias coloniais e inclui algumas formas específicas. Cultura popular, por outro lado, é algo relativamente novo, sem raízes em nenhuma tradição étnica ou folclórica; é massa produzida e padronizada, formada mais por pesquisa de mercado do que por expressão espontânea da experiência de um povo.
Kenneth Myers oferece uma analogia útil em Ali God's Children and Blue Suede Shoes, (Todos os Filhos de Deus e Sapatos de Camurça Azul) comparando cultura com cozinha. Cultura folclórica, com suas canções e contos, é como comida étnica - lingüiça alemã, feijoada brasileira, caviar russo - surgindo de uma forma tradicional de vida. Mas cultura popular é como fast food, pesada, com muito sal, açúcar, cores e sabores artificiais. Ela parece atrativa, tem sabor forte, mas oferece muito pouca nutrição. Fast Food como Coca-Cola e hambúrguer McDonald's não está enraizado na herança cultural distintiva da América, mas pode ser imposto por atacado em qualquer cultura existente - e realmente tem sido transplantado ao redor do globo. Por analogia, a cultura popular não pertence a nenhum grupo étnico particular, mas invade todas as culturas. Por exemplo, quando refugiados do sul da China foram resgatados das águas cheias de tubarões pela Guarda Costeira dos Estados Unidos, a única palavra inglesa que sabiam era MTV. Onde essa nova e padronizada forma de cultura popular se originou?...
....Europa para a América, onde infiltrou-se em nossas próprias tradições folclóricas. Na música, por exemplo, nossa cultura étnica produziu jazz, blues, folclore e música evangélica, mas como a filosofia de vanguarda alastrou-se, o resultado foi Rock'n'Roll, Elvis, Beatles, os Rolling Stones... e o resto é história. Como essa nova filosofia de arte ganhou superioridade,o implacável ataque às crenças e aos valores tradicionais desenvolveu- se para um fervor de profanidade e perversidade, de modo que hoje temos letras que glorificam a morte e a violência. O ponto importante é que o declínio na cultura popular não foi meramente resultado do declínio do gosto popular; foi resultado direto de uma mudança na cosmovisão. A arte começou a defender tudo o que se opunha ao iluminismo e à ciência: ela exaltou a emoção acima da
razão, o instinto acima da racionalidade, sensação acima do pensamento, primitivismo acima da civilização. Ensinada primeiro em faculdades de arte, essa filosofia de vanguarda conseqüentemente achou seu caminho
nos estúdios de gravações. De fato, um bom número de músicos britânicos de Rock começou como estudante de arte, entre eles Keith Richards, Peter Townshend, Eric Clapton e John Lennon. Como resultado, os Beatles, os RollingStones, o Who, Cream e muitas outras bandas britânicas foram deliberadamente criando música que expressava a filosofia do artista como um herói que esmaga a cultura estabelecida para criar a nova cultura de liberdade moral, alívio emocional, energia animal e sensações intensas. A pura energia do Rock - o golpe das batidas, os gritos, o espetáculo - tem a intenção de ultrapassar a mente e apelar diretamente para as sensações e os sentimentos. Assim, o Rock, na sua forma genuína, encoraja uma mentalidade subjetiva, emocional e sensual - não importa o que a letra diga. É por isso que os cristãos precisam aprender a analisar não apenas o conteúdo da cultura popular, mas também a própria forma da arte, a forma de expressão.
O perigo é que a cultura popular cristã pode imitar os costumes da cultura dominante em estilo, mudando somente o conteúdo. O mercado de música está transbordando com Rock, Rap, Blue, Jazz e Heavy Metal cristãos. As prateleiras das livrarias estão cheias com "ficção cristã", desde histórias de aventuras infantis até romances quase picantes. Parques temáticos cristãos oferecem uma alternativa à Disney, e vídeos cristãos para crianças e para pessoas que praticam exercícios são muito vendidos. Em alguns aspectos, esse é um desenvolvimento saudável, mas temos sempre de perguntar: estamos criando uma genuína cultura cristã, ou estamos apenas criando uma cultura paralela com aparênciacristã? Estamos impondo um conteúdo cristão para uma forma já existente? Pois a forma e o estilo sempre enviam uma mensagem própria.
Por exemplo, alguns anos atrás, Nancy leu uma surpreendente crítica de vídeo na revista Time: "Imagens provocativas enchem a tela da TV. Acima de uma vigorosa e sincopada batida de Rock, uma voz de mulher - urgente, sedutora - conta uma história de possessão e salvação".Não, não era um novo vídeo de Madonna. Era uma forma contemporânea de contar a história bíblica de Jesus expulsando os demônios chamados Legião.
Nancy pediu uma cópia do vídeo e descobriu que a crítica não era exagero. O estilo quase surrealístico foi tão intenso que para todos os propósitos práticos abafou qualquer ensino bíblico. A "mensagem é soterrada
pela meio", a crítica da revista Time afirmara, e isso era verdade. O objetivo dos produtores era admirável - alcançar os jovens na MTV - mas se mesmo um crítico secular pode sentir a discrepância entre a
mensagem bíblica e o estilo no qual ela é comunicada, então certamente, também, temos de nos tornar mais alerta.
Quando criamos cultura popular cristã, temos de cuidar para não simplesmente inserir o conteúdo cristão em qualquer estilo corrente no mercado.
Ao invés disso, deveríamos cultivar alguma coisa distintamente cristã tanto no conteúdo quanto na forma. Temos de aprender a identificar as cosmovisões expressadas em várias formas para podermos criticá-las e produzir uma alternativa que seja realmente bíblica.
Fonte:COLSON, C.; PEARCEY, N. E Agora Como Viveremos? 2.ed., RJ: CPAD, 2000.
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