A questão da sexualidade está no centro dos debates atuais na sociedade pós-moderna. Uma agenda de desconstrução dos valores bíblicos foi estabelecida, onde a banalização e a relativização da castidade e virgindade são disseminadas e encorajadas abertamente por todos os meios midiáticos e segmentos sociais. Através do presente texto enfatizamos a necessidade de entender a questão biblicamente, para que os fundamentos de nossa fé e prática sejam fortalecidos em torno da questão.
SOBRE O TERMO GREGO PORNEÍA
Em primeiro lugar, é importante considerar o significado do termo grego porneía. O termo foi traduzido por “fornicação” na seguinte passagem da Almeida Revista e Corrigida: “Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Bem vos vá.” (At 15.29)
A mesma passagem na Almeida Revista e Atualizada ficou assim: “que vos abstenhais das coisas sacrificadas a ídolos, bem como do sangue, da carne de animais sufocados e das relações sexuais ilícitas; destas coisas fareis bem se vos guardardes. Saúde.”
Conforme Louw e Nida, o termo porneía significa “imoralidade sexual de qualquer tipo”, e faz alusão, por exemplo, às passagens bíblicas de 1Coríntios 6.18, 1Tessalonicenses 4.3, Judas 7 e Apocalipse 21.8.1
Haubeck e Siebenthal definem porneía como: “indecência, relação sexual ilícita de todo tipo, prostituição, ato de contrair matrimônios proibidos.”2
Taylor traduz porneía como “fornicação, co-habitação, adultério,3 e Barclay afirma que a palavra é usada geralmente para as relações e relacionamentos sexuais ilícitos e imorais.4
SOBRE A LEGITIMAÇÃO DO SEXO ATRAVÉS DO CASAMENTO
Paulo, ao alertar a igreja de Corinto sobre o perigo da impureza (porneías), orienta a prática sexual dentro do casamento: “Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher; mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido.” (1Co 7.1-2, ARA)
A vida sexual no mundo grego-romano dos tempos bíblicos era um caos. Na Grécia, não havia nenhum sentimento de vergonha nas relações sexuais antes do casamento ou fora dele. Paulo coloca-se contra essa imoralidade sexual, e chega a espantar-se com o fato de que os coríntios não estão envergonhados diante do caso do homem que está mantendo relações sexuais com a esposa de seu pai (1 Co 5.1).5
Deus foi o realizador do primeiro casamento (Gn 2.18-25). Estando o casamento não sujeito a um padrão cerimonial bíblico, entende-se que Deus o concebe conforme o tempo, cultura, costume e padrões locais normativos da sociedade, desde que tais padrões não infrinjam alguns princípios estabelecidos na Bíblia Sagrada, dentre os quais, a heterossexualidade e a fidelidade conjugal (Gn 1.27, 2.22-25; Ex 20.14, 17; 1Tm 3.2;). O casamento envolve compromisso público e formal, e a observação das leis locais.
É dessa maneira que o sexo antes do casamento se enquadra na categoria de imoralidade sexual, e na condição de imoralidade sexual os seus praticantes são reprovados pelas Escrituras (Ef 5.5; 1 Tm 1.10; Hb 12.16; Ap 21.8).
Conforme McDoweel:
Quando um jovem se envolve com sexo pré-nupcial, ocorre muitas vezes uma profunda perda de respeito, não somente pelo próprio corpo, mas também pelo do companheiro. E quando esse respeito deixa de existir, fica muito mais fácil para uma pessoa tornar-se promíscua.6
Escrevendo aos solteiros e viúvos que tinham que lidar com o “abrasamento” (gr. pyrousthai, arder em desejo sexual, ser consumido pela paixão), Paulo não recomenda a prática do sexo antes do casamento para atenuar ou saciar tal condição, antes diz: “E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casado que viver abrasado.” (1Co 7.8-9, ARA)
O jovem cristão que já se envolveu em carícias íntimas no namoro, ou que já chegou ao ponto da prática sexual antes do casamento, sabe o quanto isso comprometeu sua vida espiritual, emocional e social. A quebra de princípios bíblicos sempre resulta em diversos males para o transgressor.
SOBRE O VALOR DA CASTIDADE OU VIRGINDADE NA BÍBLIA
Há várias passagens bíblicas que destacam o valor da virgindade, do se manter “puro” antes do casamento. Vejamos algumas:
Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, estas não tomará (o sumo sacerdote), mas virgem do seu povo tomará por mulher. (Lv 21.14, ARA)
Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem, então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta. O pai da moça dirá aos anciãos: Dei minha filha por mulher a este homem; porém ele a aborreceu; e eis que lhe atribuiu atos vergonhosos, dizendo: Não achei virgem a tua filha; todavia, eis aqui as provas da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa dela diante dos anciãos da cidade, os quais tomarão o homem, e o açoitarão, e o condenarão a cem siclos de prata, e o darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele não poderá mandá-la embora durante a sua vida. (Dt 22.13-19, ARA)
Jerusalém é chamada de virgem:
Que poderei dizer-te? A quem te compararei, ó filha de Jerusalém? A quem te assemelharei, para te consolar a ti, ó virgem filha de Sião? Porque grande como o mar é a tua calamidade; quem te acudirá? (Lm 2.13)
A Igreja é comparada a uma virgem:
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo. (2 Co 11.2)
O jovem José, antes de qualquer preceito da Lei ser escrito, tinha a consciência de uma ética sexual a ser observada diante de Deus:
Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo. Ele, porém, recusou e disse à mulher do seu senhor: Tem-me por mordomo o meu senhor e não sabe do que há em casa, pois tudo o que tem me passou ele às minhas mãos. Ele não é maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher; como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? (Gn 39.7-9, ARA)
Concluímos então que é possível compreender através da Bíblia que o sexo antes do casamento é pecado, considerado impureza sexual, e por isso, passivo de repreensão e das suas consequências negativas para o transgressor. Castidade e virgindade são características de um viver santo para a glória de Deus. O casamento continua sendo a condição bíblica que legitima a prática sexual entre homem e mulher. O rótulo de fundamentalistas nos imposto pelos liberais e ativistas da revolução/banalização sexual, não deve nos intimidar, nem nos remover das nossas convicções, da verdade imutável da Palavra de Deus.
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1LOUW, Johannes; NIDA, Eugene. Léxico Grego-Português do Novo Testamento: baseado em domínios semânticos. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013, p. 685.
2 HAUBECK, Wilfrid; SIEBENTHAL, Heinrich Von. Nova chave linguística do Novo Testamento grego. São Paulo: Targumim/Hagnos, 2009, p. 804.
3 TAYLOR, W. C. Dicionário do Novo Testamento Grego. 10. Ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1991, 181.
4 BARCLAY, William. As obras da carne e o fruto do Espírito. São Paulo: Vida Nova, 2000, p. 25.
5 Ibid., p. 26-28.
6 McDOWELL, Josh. Como evitar que o jovem sofra com as paixões sexuais. 2 ed. São Paulo: Bom Pastor, 1994, 162.
Por Altair Germano
Licenciado em Pedagogia (FUNESO), Bacharel em Teologia (FATEADAL), especialista em Educação Cristã (Seminário Presbiteriano do Norte – SPN)) e Psicopedagogia (FUNESO), e mestre em Teologia (Seminário teológico Pentecostal do Nordeste - STPN)). Atualmente é pastor 1º Vice-Presidente da Assembleia de Deus em Abreu e Lima-PE, Vice-Presidente do Conselho de Educação e Cultura da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB.
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