OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar o papel político e social da profecia..
- Conhecer a relação do profeta com a questão de ordem social da nação.
- Conscientizar-se de que a Igreja tem o mesmo princípio profético de denunciar as injustiças, amparando os injustiçados.
INTRODUÇÃO
A Bíblia mostra clara e constantemente o interesse divino pelo bem-estar social dos seres humanos. A justiça social está presente na Lei e nos Profetas, abrangendo o aspecto político e religioso. Os profetas de Israel combatiam a injustiça social com o mesmo ímpeto com que atacavam a idolatria. Ainda que muitos deles não foram ouvidos em sua geração, contudo, preconizaram um modelo ético de alto nível para a sociedade de Israel e para todos os povos.
I. O PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DA PROFECIA NAS ESCRITURAS
1. O profeta e o povo. Antes da instauração da monarquia em Israel, os profetas eram vistos como figuras centrais pela sociedade, pois eram os únicos canais humanos e legítimos de comunicação entre Deus e o povo. Os arautos de Deus eram líderes não apenas religiosos, mas também políticos, cujas atividades proféticas cumpriam importantes funções de ordem política e social. Isso pode ser percebido claramente em Moisés (Dt 34.10-12) e Samuel que, inclusive, iniciou o seu ministério num período em que a profecia era escassa (1 Sm 3.1,20,21; 7.15-17).
2. O profeta e o rei. A partir do reinado de Davi, os profetas passaram a fazer parte do grupo de conselheiros do rei. Natã e Gade são exemplos desse período (2 Sm 7.17; 24.18,19). Suas profecias tinham não somente uma função política, mas também eram importantes para a manutenção da ordem social.
3. O profeta marginalizado. No período dos reis de Israel e Judá, os profetas de Deus ficaram fora dos círculos reais, com exceção de Isaías (39.3). O ministério do profeta messiânico se estendeu até os dias do rei Manassés que, segundo a tradição rabínica, mandou serrar Isaías ao meio (Hb 11.37). Com a decadência espiritual dos monarcas de Israel, os profetas desenvolveram seu ministério distante do culto central. Dessa forma, se empenharam em mudar a estrutura social tanto em Samaria como em Jerusalém, diante de tanta corrupção e injustiça generalizada.
SINÓPSE DO TÓPICO (1)
A profecia exercia um papel fundamental na esfera política e social em Israel, haja vista os ministérios dos profetas Moisés, Samuel, Natã, Isaías e Jeremias.
II. O PROFETA É ENVIADO AO REI
1. O princípio do fim do reino de Judá. Como vimos na leitura bíblica, embora tenha jurado lealdade e obediência aos babilônios (2 Cr 36.11-14) e, por isso, reinado onze anos em Jerusalém, o rei Joaquim (que teve o seu nome mudado pelo rei da Babilônia, o qual passou a chamá-lo de Zedequias) rebelou-se contra o rei dos caldeus no oitavo ano de seu reinado (2 Rs 24.8-17). Mesmo já estando Judá sob o domínio babilônio, tal postura ocasionou a destituição do rei Joaquim por Nabucodonosor em 598 a.C., que mandou levá-lo para a capital do Império e colocou seu tio, Matanias, em seu lugar.
2. Profecia dirigida ao rei (v.2). O exército dos caldeus, liderando as demais tropas dos povos conquistados, estava à volta de Jerusalém esperando o assédio final. Jeremias já vinha anunciando durante décadas o trágico fim do reinado de Judá (1.15; 5.15; 6.22; 10.22; 25.9). Mesmo assim, em seus oráculos havia esperança de livramento da parte de Deus se o povo se arrependesse de seus pecados e renunciasse às injustiças sociais (7.5-7; 22.3,4). O rei juntamente com os seus príncipes e a maior parte do povo rejeitaram a mensagem de Jeremias e a dos demais profetas (2 Cr 36.12,15,16). Agora, cerca de 40 anos depois de proferir esse discurso, Deus encarrega o próprio Jeremias de comunicar ao rei que a destruição de Jerusalém é irrevogável: "Eis que eu entrego esta cidade nas mãos do rei da Babilônia, o qual a queimará" (v.2).
3. O destino do rei Zedequias é anunciado (v.3). Se quisesse ter paz, o povo deveria se submeter ao rei da Babilônia, pois Jeremias afirmava em sua mensagem que o cativeiro haveria de durar 70 anos (25.11-14; 29.4-10). Além disso, segundo a profecia divina proferida por Jeremias contra o rei Zedequias: este seria entregue nas mãos do rei de Babilônia (v.3).
Infelizmente, os contemporâneos deste profeta acreditavam mais na mensagem de um falso profeta chamado Hananias, que incitava o povo a se levantar contra o rei de Babilônia, dizendo - mentirosamente - que em dois anos seria quebrado o jugo dos caldeus (28.11). Por isso, esse profeta era visto com desconfiança, como um espião em favor dos inimigos, e tido como traidor (37.13).
SINÓPSE DO TÓPICO (2)
A questão social em Israel era tão relevante para o Senhor que, por ignorá-la, Zedequias e o povo foram severamente castigados.
III. A QUESTÃO DE ORDEM SOCIAL
1. A liberdade dos escravos hebreus (vv.8-10). A legislação hebraica sobre o escravo hebreu era diferente da do escravo estrangeiro. Por razões de falência econômica, o israelita se vendia como escravo ao seu irmão, porém, Moisés limitou a escravidão de hebreus ao período máximo de seis anos, quando este devia ser liberto (Êx 21.2; Dt 15.1-18). Esse preceito, porém, não era observado (v.14). Quando Jerusalém estava sitiada pelos caldeus, Zedequias resolveu libertar os escravos, esperando com isso o livramento divino. Era, infelizmente, tarde demais e, acima de tudo, tratava-se de uma reação artificial e interesseira.
2. A alforria dos escravos é cancelada (v.11). O profeta Jeremias anunciou que o rei do Egito retornaria a sua terra e o cerco da Cidade Santa pelos caldeus recomeçaria (Jr 37.5-8 - Convém salientar que os capítulos do livro de Jeremias não estão em ordem cronológica). Entretanto, os fatos de Faraó ter vindo em socorro de seu aliado Judá, o cerco de Jerusalém ter sido suspenso e os caldeus se retirado, fizeram com que o rei Zedequias e os seus príncipes não acreditassem no profeta de Deus. Assim, pensando estarem salvos do perigo, revogaram a lei da libertação dos escravos (v.11).
O pecado maior deles consistiu em desfazer um concerto religioso feito em nome de Deus e no Templo: "[...] e tínheis feito diante de mim um concerto, na casa que se chama pelo meu nome" (v.15). A cerimônia de libertação dos escravos foi um pacto feito no Templo, quando eles sacrificaram um bezerro, dividindo-o ao meio, passando em seguida entre as metades (v.18). Esse, aliás, era um método dos povos antigos de ratificar um tratado (Gn 15.10,17). Esse ritual significa que a parte que violar o pacto terá o mesmo destino do animal sacrificado. Assim, este era um ato ignominioso de traição e de deslealdade, acrescido do perjúrio (Êx 34.18,20).
3. A indignação divina (vv.16,17). Em vez dos babilônios, foi o próprio Deus quem liberou a espada para a destruição de Judá. A reação divina contra a atitude indigna e vergonhosa de Zedequias, de seus príncipes e dos grandes de Judá, tinha a sua razão de ser. A parte final do capítulo 34 descreve o duro juízo do Senhor sobre o povo escolhido.
SINÓPSE DO TÓPICO (3)
A questão social em Israel era tão relevante para o Senhor que, por ignorá-la, Zedequias e o povo foram severamente castigados.
A palavra dos profetas não foi vã, eles lutaram por uma causa nobre, ainda que, como foi dito, não foram ouvidos em sua geração. Não obstante, seus ideais atravessaram os séculos e até hoje impressionam políticos, filósofos, economistas, intelectuais, religiosos etc. Em frente ao edifício das Nações Unidas, em Nova Iorque, encontra-se um monumento chamado "Parede de Isaías", no Parque Ralph Bunche, onde está escrita a seguinte profecia: "[...] uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra" (Is 2.4 - ARA). Há somente um que tem poder para transformar essa expectativa profética em realidade, Ele se chama Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz (Is 9.6).
1. Quem eram as figuras centrais em Israel no período que antecedeu a monarquia?
R. Os profetas.
2. Por que o profeta Jeremias era visto com desconfiança, como traidor da nação?
R. Porque os contemporâneos de Jeremias acreditavam mais no falso profeta chamado Hananias.
3. O que esperava o rei Zedequias com a libertação dos escravos?
R. O livramento divino.
4. Por que Zedequias revogou a libertação dos escravos?
R. Porque ele e os seus príncipes pensavam estar salvos do perigo.
5. Quem é o único que pode trazer a paz entre as nações?
R. Jesus Cristo.
Fonte: Programa CPAD
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