Antes de Jesus vir, certos grupos humanos nada valiam, nada representavam. Não passavam de meras peças de máquina, escravos dos outros, meios para certos fins. Não eram considerados como pessoas, cujos direitos deviam ser respeitados. Este era, e ainda é, um dos magnos problemas da civilização.
Henrique C. King diz, com muita razão: "-Respeito e reverência à pessoa humana é o princípio capital da ética e da religião; constitui isso a melhor e a verdadeira pedra de toque do indivíduo como da civilização; tem sido, mesmo inconscientemente, o princípio diretor e determinador de todo o progresso humano; sem sua interpretação religiosa repousa a única promessa que dá significado e valor à vida."
Nos dias de Jesus, os escribas, os fariseus e os saduceus tratavam com desprezo os publicanos e os pecadores, e se consideravam tão bons e justos que não podiam suportar a presença deles, chegando mesmo a censurar a Jesus por andar na companhia deles. Os gentios eram tidos pelos judeus como estranhos e pagãos, indignos das bênçãos divinas e fora do alcance das atividades missionárias.
Jonas não foi o único a repudiar a idéia da conversão e salvação doutros povos, não. Os judeus não queriam nem conversa com os samaritanos! As mulheres virtualmente eram escravas dos homens, e de contínuo tinham que andar de rosto coberto e guardar silêncio em público, e costumava-se em certas nações dar filhas em casamento sem o consentimento delas. Os filhos quase não tinham direitos nenhuns, e as crianças fra¬cas no físico, notadamente do sexo feminino, cm certas regiões eram abandonadas no campo ou em desertos, para serem devoradas por feras. Certos grupos sociais eram tidos como gente inferior, e o negro então, como ainda em muitos lugares hoje, era considerado bem apenas "para derrubar árvores e baldear água".
Os ensinos do Mestre, porém, contribuíram imenso para modificar esse estado de coisas e essas atitudes erradas. "Jesus reconheceu e enfatizou o valor do homem, como nenhum outro mestre havia feito." Recusou condenar a mulher apanhada em adultério, e ensinou uma de suas maiores lições à decaída com quem se encontrou junto ao poço de Jacó.
Ele inculcou a verdadeira fraternidade, quando pintou o quadro do samaritano acudindo e socorrendo a um judeu roubado e semi-morto à beira da estrada. Seus ensinos colocaram a mulher no mesmo nível do homem e desencadearam aquelas influências que resultaram no direito de voto e de cargos públicos às mulheres, bem como no direito de participarem de atividades eclesiásticas e denominacionais. Jesus colocou a criança no meio deles como exemplo de humildade, censurou os que impediam que lhe trouxessem crianças, frisou o horror de se pôr pedras de tropeço no caminho delas, e deu asas às influências que as coloca¬ram no centro de toda a obra educacional.
O ensino de Jesus levou o mundo a ver que Deus não faz acepção de pessoas, que "vermelhos e amarelos, pretos e brancos, todos são muito preciosos a seus olhos", e que a ninguém assiste o direito de possuir ou escravizar a outrem.
A Parábola do Filho Pródigo mostra-nos o interesse e o cuidado que Deus tem para com todas as pessoas. Os ensinos de Jesus nos induzem a reverenciar a pessoa humana, virtude que é basilar em todas as relações justas e retas de homem para homem.
Em primeiro lugar estão pessoas, e não coisas.
Fonte:A Pedagogia de Jesus por J.M. Price
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