É comum recorrer-se à simbologia com o intuito de afirmar que a Igreja não enfrentará o tempo de angústia, a Grande Tribulação. Afirma-se que Enoque foi arrebatado antes do dilúvio; que as águas do Mar Vermelho só caíram sobre os egípcios depois que Israel passou; que Elias subiu num redemoinho antes do cativeiro; que a Igreja é a luz do mundo (e, quando for tirada, se instalará um período de trevas); que ela é também coluna e firmeza da verdade (e, ao ser arrebatada, o mundo desabará), etc. No entanto, tais exemplos apenas ilustram e reforçam uma verdade que está revelada claramente nas páginas sagradas.
Os teólogos pós-tribulacionistas e mesotribulacionistas têm as suas razões pessoais para não crer no rapto dos salvos antes da Grande Tribulação. Contudo, é bom não irmos além do que está escrito (1 Co 4.6) nem nos movermos facilmente de nossas convicções quanto ao nosso livramento da ira futura, por ocasião da vinda de Jesus (2 Ts 2.2-9). Os primeiros afirmam que Jesus virá após a Grande Tribulação, enquanto os mesotribulacionistas asseveram que o Advento de Cristo se dará no meio desse tempo de angústia.
A escola de interpretação que honra as Escrituras é o pré-tribulacionismo, pois não há dúvidas de que a Igreja será arrebatada antes da Grande Tribulação (1 Ts 1.10). Jesus disse: “Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do homem” (Lc 21.36, ARA). Note: escapar, e não participar, atravessar.
Em Apocalipse 3.10, Jesus fez uma promessa à igreja de Filadélfia: “Como guardaste a palavra da minha paciência, também eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra”. Esta mensagem é apenas para uma igreja local? Não! Haja vista o que está escrito nos versículos 13 e 22 do mesmo capítulo: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas”.
Conquanto a igreja de Filadélfia estivesse passando por tribulações, naqueles dias, os seus santos membros não passaram pela “hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo” — todos os mortos em Cristo têm a garantia de que não passarão pela Grande Tribulação, uma vez que ressuscitarão e serão tirados da Terra antes dela.
Todas as mensagens de Jesus registradas em Apocalipse às igrejas da Ásia possuem mandamentos e exemplos para nós, hoje, quanto à manutenção do amor e da fidelidade (2.4,10), às falsas profecias (2.20-22), ao perigo de Jesus estar do lado de fora (3.20), etc. Nesse caso, a promessa de livramento da hora da tentação em apreço é extensiva a todos os salvos — “há de vir sobre todo o mundo” —, assim como o que está registrado no versículo 11: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa”.
Antes de o Cordeiro de Deus desatar o primeiro selo, dando início a uma série de juízos contra a Terra (Ap 6), João viu os 24 anciãos diante de Deus, no Céu (Ap 4-5). E estes representam a totalidade da Igreja: as doze tribos de Israel e os doze apóstolos de Cristo. Isso prova que, desde o início da Grande Tribulação, na Terra, os salvos já estarão no Céu. Glória ao Cordeiro, pois estaremos com Ele nesse período de trevas e aflições.
Em Apocalipse 13.15, está escrito que serão mortos todos os que não adorarem a imagem do Anticristo. Se este fará guerra aos santos, a fim de vencê-los (v.4), quantos destes seriam arrebatados durante ou depois do período tribulacionista? Os tais santos mortos pela Besta são os mártires da Grande Tribulação, e não a Igreja, que já terá sido arrebatada.
A Palavra de Deus diz que a Noiva de Cristo estará no Céu durante esse período, e que voltará com Ele, por ocasião da Revelação (segunda etapa da Segunda Vinda de Jesus), a fim de pôr termo ao império do mal: “vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. (…) E seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro” (Ap 19.7-14).
Em suas cartas aos tessalonicenses, a ênfase de Paulo é o Arrebatamento. Ao mencionar este glorioso evento pela primeira vez, ele deixou claro que Jesus nos livrará da ira vindoura (1 Ts 1.10). E isso é confirmado ainda na primeira epístola: “quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição (…) e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele Dia vos surpreenda como um ladrão” (5.3,4).
Observe, no texto acima: são os que estão em trevas que não escaparão da destruição. Os filhos da luz (1 Ts 5.5) já terão sido arrebatados (4.16-18). Por isso, mais adiante, Paulo reafirma o que dissera no primeiro capítulo (v.10): “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo” (5.9).
A passagem de 2 Tessalonicenses 2.6-8 é de difícil interpretação, e não convém fazer especulações sobre o que não está revelado claramente. Mas vemos nela a reiteração de que a Igreja não estará sob o domínio do Anticristo: “E, agora, vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda”.
Se o mistério da injustiça opera, por que o Iníquo ainda não se manifestou? O que o detém? Quem o resiste? Quem será tirado da Terra, para que ele tenha total liberdade até à esplendorosa vinda de Cristo? A única revelação que temos, retratada pelo próprio apóstolo Paulo, é que o povo de Deus será tirado da Terra, no aparecimento de Jesus Cristo (Tt 2.13,14; 1 Ts 4.17). E, se é depois disso que será revelado o Anticristo, então estamos diante de mais uma prova de que a Igreja não passará pela Grande Tribulação!
Quantos podem glorificar a Deus por isso?
por: Pr. Ciro Sanches Zibordi
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